domingo, 27 de janeiro de 2013

48º Capítulo: Choose to be happy







“Pelo brilho nos olhos, desde o começo dos tempos, as pessoas reconhecem o seu verdadeiro Amor” (Paulo Coelho)



Há quem diga que uma imagem vale mais do que mil palavras. Talvez tenha a sua verdade. Estava a ser sincera quando me declarei mais uma vez a Ruben, com um ‘’Amo-te’’ que não saiu da boca, saiu do coração. O brilho nos seus olhos fez-me perceber que a verdadeira mensagem tinha sido entendida, mas nada estava nas minhas mãos. Depois de alguns segundos de silêncio da nossa parte, que na realidade pesavam como largos minutos, Ruben continua sem nada dizer, talvez porque não houvesse mesmo nada a dizer, o que me estava a deixar nervosa. Mas depois, como por magia, uma estátua ganha vida e então, o mundo acelera, mais rápido que o próprio tic-tac dos relógios.

De um momento para o outro, senti um corpo rígido contra o meu, uns braços fortes que me rodeavam e não me deixavam fugir, um calor que havia guardado na memória, um cheiro que reconheceria em qualquer parte do mundo, um toque, uns lábios sedentos, doces… Nada ficara esquecido, não havia menos borboletas no estômago nem sentimentos perdidos. Era tudo como antes, talvez com uma pequena diferença, agora eram mais intensos. Tudo o que sentia nunca deixara de se intensificar, mesmo quando imaginava que era impossível amar mais aquela pessoa que agora me tomava em seus braços.

Senti os seus lábios contra os meus. Primeiro com suavidade, depois com urgência. Todos os presentes naquela zona, aquela vasta multidão, haviam sido completamente esquecidos, era como se estivéssemos só nós dois. Se fosse numa outra altura, teria rejeitado esta exposição, mas agora nada importava, só queria ter de volta o homem que amava. Relembramos trilhos e caminhos já percorridos, abraçámo-nos fortemente. Até que Ruben chamou a realidade, e foi ele a afastar-nos. Teria de entender a sua posição, no meio de todas aquelas pessoas, nós não conseguíamos ser ignorados como as restantes, aliás, nós não, ele.

- Talvez esta não tivesse sido uma boa ideia. – Disse Ruben aos cruzar com alguns olhares curiosos.

- Tu… Não era isto que querias? – Perguntei a medo.

- Não sejas tonta! Eu é que não te devia ter beijado aqui. – Ruben pegou-me na mão e conduziu-me para o exterior do Centro Comercial num passo acelerado.

- Ruben, espera. Onde vais com tanta pressa? Já estamos sozinhos. – Ruben parou, coloquei-me de frente para ele e olhámo-nos. – Acho que precisamos de falar sobre isto…

- Nós não precisamos, Madalena.

- Precisamos sim. Esta situação não é saudável para nenhum de nós. Não faz sentido… isto…

- Madalena, a sério, não precisas de dizer nada. – Notara a minha dificuldade em arranjar as palavras certas.

- Preciso, sim. Todo este tempo não fez qualquer sentido, não devia ter sido assim. Entendes o que quero dizer? Acredita que se pudesse voltar atrás teria feito tudo de maneira diferente.

- Talvez tenhas razão, talvez devêssemos ter feito as coisas de forma diferente.

- É, não é? Acho que fui demasiado ingénua.

- Está bem, Madalena, acho que já percebi o que queres dizer. Talvez esta seja a altura de ir embora.

- O quê? – Ruben afastara-se dois passos de mim. – Onde vais? Ruben?!

- A tua conversa é sempre a mesma.

- Sempre a mesma? Mas tu ouviste o que eu disse?

- Perfeitamente.

- Então porque estás a reagir assim?

- Tu acabaste de dizer que fazias tudo de forma diferente, que foste ingénua. Tudo me leva a acreditar que estás arrependida.

- Não! Ruben, se me tenho de arrepender de algo é do tempo que passei sem ti. – Aproximei-me novamente dele. – Eu vim até aqui para acabar com isto de uma vez, eu percebi que não me quero, nem posso, privar de ti!

- Tu queres…?

- Quero, muito! – Um sorriso enorme e lindo preencheu o rosto de Ruben, um sorriso como não via há muito tempo. Um sorriso que me aquecia o coração e que me fazia sorrir também. – Há semanas que andamos a escondermo-nos um do outro. Tudo porque fui uma parva – Ruben tentava, por vezes, interromper o discurso atrapalhado, mas eu não deixava e prosseguia apressadamente. – Provavelmente os meses que passei contigo foram os melhores da minha vida e nunca foi tão difícil para mim deixar-te ir várias vezes, fugir de ti, mesmo sabendo que a cada vez que voltava tu pensavas que ia ser desta que eu ia acabar com tudo o que nos separava. Sabes que te amo, Ruben. E, quando ultimamente deixaste de querer falar comigo, mesmo que só discutíssemos, tive medo, muito medo, de não me voltares a querer…

Ruben voltara a abraçar-me, tão forte que conseguir sentir a sua respiração no meu pescoço e os batimentos acelerados do seu coração. Percebi que Ruben não voltaria a beijar-me, pelo menos em público, e respeitei.

- Tive tanto medo… - Continuei.

- Shiu, agora está tudo bem. – Senti a sua mão direita subir e com o polegar percorreu os contornos dos meus lábios.

- Desculpa. Eu não…

- Já acabou, meu amor, não fales mais disso. – Sorri. – O que foi?

- Diz outra vez. O que me chamaste.

- Meu amor!

- As saudades que tinha de ouvir isso. E agora, como ficamos?

- E agora… Espero que não tenhas nada combinado para a noite, porque vou-te buscar a casa para poder jantar com a minha namorada. Pode ser?

- Namorada? Oh Ruben, eu amo-te tanto! – Se pudesse teria dado ali saltos de alegria, senti-me a explodir de felicidade.

Depois de todo o tempo sem Ruben, despedir-me dele por mais umas horas era algo doloroso. Tinha vontade de nunca mais o deixar, de nunca mais sair de perto dele. Mas em breve estaríamos juntos novamente.

-Madalena. – Chamou Ruben enquanto eu caminhava em sentido oposto. – Amo-te.