terça-feira, 25 de junho de 2013

49º Capítulo: Recomeço








“Imagine uma nova história para a sua vida e acredite nela” (Paulo Coelho)




A água quente batia no meu peito e percorria o resto do corpo. Continuava com a mente preenchida com o que tinha acontecido há horas atrás. Sabia que não era a Madalena que fui antes de me envolver com Ruben, não era mais aquela jovem que acreditava piamente que “no debemos seguir guiadas por un hombre”, tinha descoberto novas fraquezas e novas forças. Também tinha de me desculpar, e muito, a Ruben, tinha cometido erros atrás de erros e cada um maior que o outro. Embora que, por esta altura, Ruben já me tinha certamente perdoado.

Já não dava para adiar mais, fechei a torneira, sequei o corpo e o cabelo e segui para o quarto onde iria perder uns minutos a escolher o que usaria. Optei por um vestido preto, oferecido no Natal, mas nunca antes usado, uns sapatos e mala a condizer, um pouco de maquilhagem com tons naturais, perfume e, bem, estava pronta, pelo menos apresentável estava. E nervosa.





Ruben insistira em me vir buscar a casa e estes poucos minutos que tive de esperar pareceram-me eternos. Devo ter percorrido o trajecto entre o sofá da sala de estar e o copo de água que estava em cima da mesa da cozinha pelo menos umas cinco vezes, se não mais. Ia ser apenas mais um jantar como tantos outros que tivemos, não entendia o porquê de tanto nervosismo, mas que estava nervosa, estava.

A campainha finalmente tocou, ele estava à porta do prédio à minha espera. Verifiquei que tinha carteira, chaves e telemóvel na mala e chamei o elevador que não tardou a chegar. Cliquei no botão “0” e, num instante, estava em frente àquele por quem tanto tinha esperado.



***



Ruben abriu a porta para eu entrar no restaurante e seguiu-me, rapidamente um dos empregados de mesa veio ter connosco e indicou-nos uma das mesas do outro lado da sala já reservada. Poucos minutos passaram quando os nossos pedidos pousaram sobre a mesa. Num ambiente em tons de pastel a conversa entre nós fluía lentamente mas nunca tocando em certos pontos, de frases feitas a temas banais.

- Sim, as aulas estão a correr bem. – Respondi.

- Mas só terminas o curso no próximo ano, não é?

- Sim. – Levei o garfo à boca e voltei a interromper o silêncio que se impunha. – E como estão a correr os treinos?

- Bem, acho que estamos num bom caminho e é uma vantagem para nós estarmos em primeiro lugar no campeonato.

- Hum. – Agora sim, os temas de conversa haviam-se esgotado, o silêncio instalara-se durante uns minutos e eu inundava-me em pensamentos. Num ato descuidado deixei um dos talheres cair sobre o prato, voltei a acordar assustada com o barulho provocado e Ruben olhou para mim. Pousei, então, os talheres e falei. – Ruben, nós temos de falar do que aconteceu, estamos aqui a dar conversa e não dizemos nada.

- Não há nada a dizer, é passado, não importa.

- Ai, para de ser assim tão compreensivo comigo. Eu magoei-te e tu nem me deixas pedir-te desculpas, porque dizes que está tudo bem.

- A culpa não foi só tua. Eu também te devia pedir desculpa.

- Desculpar-te? Tu é que… - Os seus dedos tocaram nos meus lábios, interrompendo-me. Sorri.

- Estás desculpada, amor. – Sorriu-me.

O jantar terminou melhor do que tinha começado. À saída o empregado de mesa que nos tinha recebido e servido devolvera os nossos casacos a Ruben que tratou de mo vestir. Repetiu o gesto de quando entrámos, saí do restaurante e ele seguiu-me.



***



Acabámos por ir à nossa praia, a praia do Baleal. Sentámo-nos na areia, agora fria. Sentia a respiração de Ruben no meu pescoço, uma vez que estava sentado atrás de mim. Os seus braços rodeavam-me, as minhas costas junto ao seu peito e de certa forma conseguia sentir os batimentos do seu coração e a sua respiração compassada fazia-me cócegas.

- Tive saudades disto. – Disse Ruben enquanto me dava leves beijos no pescoço.

- Tiveste?

- Hum, hum. – Os seus beijos subiam até à linha do maxilar provocando-me arrepios.

- Muitas?

- Demasiadas. – Exercendo força com os seus braços, Ruben puxou-me um pouco mais para si.

- Do que sentiste mais saudades?

- Oh senti saudades de tudo. De dormir contigo, do teu mau humor logo pela manhã, dos teus beijos, e… e disto… - Senti a sua língua percorrer todo o caminho desde a linha o maxilar até terminar num doce beijo no ombro que me fez tremer que nem varas verdes, e empurrou o casaco que vestia despindo-mo. - … e disto… - Um dos seus braços abandonou então a minha cintura e pousou então na minha perna onde, com uma certa avidez, fez com que eu rodasse e ficasse de frente para ele.

Coloquei as minhas pernas em torno da cintura de Ruben que se fez cair sobre mim, ficando eu deitada na areia fria. Puxei-o mais para mim e ele cedeu. Beijámo-nos, primeiro delicadamente, mas à medida que as nossas caricias se tornavam mais fogazes e o desejo aumentava, também os beijos que trocávamos se intensificaram. As mãos de Ruben apertavam as minhas coxas e o vestido que usava subia. Senti a sua pele quente em contacto com a minha, fria, das coxas e em cada toque mais ousado seu eu estremecia. As minhas mãos deixaram então o rosto e o pescoço de Ruben e pousaram nas suas costas. Abandonou a minha boca e percorreu, mais uma vez, a linha do maxilar até enterrar o seu rosto nos meus caracóis soltos.

- Amo-te. – Sussurrou.

- Eu sempre te amei. – Devolvi sinceramente.

Os seus lábios uniram-se novamente aos meus e as nossas línguas reiniciavam novamente o bailado que há pouco tinha cessado em beijos apaixonados. O desejo que ali nos mantinha era palpável, a mão de Ruben subia em direção ao meu peito onde, depois de acariciar a zona descoberta, e depois de um pequeno impulso, senti a sua mão algures nas minhas costas. Percebi então que Ruben se preparava para me desapertar o fecho do vestido. Não via razão para que adiasse mais a minha entrega a Ruben, mas não ali. Embora fosse de noite estávamos num local onde qualquer pessoa poderia aparecer. E aliás, não tinha sido assim que tinha imaginado.

- Ruben… – Chamei ofegante.

- Amor… - Sussurrou dando-me pequenos beijos no peito enquanto ia descendo o fecho.

- Ruben. – Coloquei as mãos no seu peito e tentei empurra-lo.

- Eu amo-te tanto… - Disse novamente enterrando o seu rosto nos meus caracóis.

- Amor, aqui não. – Ruben ofegante olhou-me, acariciei-lhe o rosto pedindo desculpa com o olhar e ele sorriu-me.

Deixei de sentir o peso de Ruben sobre mim, percebi que voltara a sentar-se na areia e aninhou-me junto de si, apertando-me de novo o vestido.

Vários minutos passaram e continuávamos na praia a ouvir as ondas, entre beijos delicados e apaixonados e caricias. Com o avançar da noite o vento soprava mais intensamente o que me causou arrepios e instintivamente juntei-me mais a Ruben. Não tardou muito até que voltássemos a sentir o calor acolhedor do interior do carro de Ruben.



***



Senti a mão livre pousar na minha perna, estava quente. Olhei-o. Ruben concentrado levava-nos a percorrer as ruas iluminadas de Lisboa. Olhei pela janela, estava uma noite límpida o que me permitia ver as estrelas e, embora a minha cabeça ainda estivesse um pouco indecisa, sabia que o nosso momento estava para breve. E isso, deixava-me nervosa.


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Olá

 Primeiro peço desculpas a todas as pessoas que seguiam esta história, uma vez que nunca mais publiquei nada. A falta de tempo e a não vontade de escrever prejudicou a fic.
 Por outro lado, também vos quero pedir e agradecer por não desistirem dela e continuarem a vir cá espreitar. Um novo capítulo está quase concluido e em breve será colocado aqui.

Obrigada,
Jéssica