Apesar de a noite já ir longa, ainda nos
deliciámos com doces beijos que Ruben fazia sempre questão de os tornar mais
quentes, mais apaixonados, mais urgentes. Embora que, desta vez, não tivesse
expressado o seu desejo, sabia que Ruben me queria, não interiormente, pois aí eu
já era sua, mas fisicamente, no entanto, Ruben estava a respeitar a minha
decisão. Mas por quanto tempo? Sabia também que não podia esperar muito mais
tempo, sabia qual era o seu desejo mas também sabia que o meu aumentava de dia
para dia, não podia esperar pelo tal momento certo ou pelo príncipe perfeito
que viesse ter comigo num cavalo branco, esses eram sonhos de adolescente.
A altura constrangedora, pelo menos para mim,
tinha chegado. Não fazia sentido, não era a primeira vez que iria dormir
acompanhada por um homem e também não era a primeira acompanhada por Ruben. Sem
qualquer tipo de pudor, Ruben ficou apenas de boxers, exibindo o seu tronco
perfeito, já eu tentava lembrar-me de todos os pijamas que tinha, excluindo
aqueles extremamente grossos, sempre com o olhar afastado dos atributos de
Ruben. Encontrei a privacidade desejada na casa de banho, aí, lentamente, vesti
o pijama escolhido, passei suavemente a escova pelos largos caracóis, mas
depois de ter habitual higiene feita demoradamente, estava na altura de
regressar ao quarto.
Ruben vasculhava, sentado na cama com os
lençóis a taparem-lhe o corpo até à cintura, o grosso livro que permanecia em
cima de uma das mesas-de-cabeceira. Desenhar não era a minha única paixão,
adorava ler, foi algo que aprendi a gostar no tempo em que era uma criança
solitária.
O olhar de Ruben abandonou as primeiras
páginas do livro e centrou-se em mim. Desviei a roupa da cama do lado oposto
àquele em que Ruben se encontrava e deitei-me de lado, de frente para si, com uma
mão por baixo da cabeça e as pernas ligeiramente dobradas, tal como adorava
dormir. Deixou o seu corpo deslizar até ficar ao meu nível, senti os seus
lábios mais uma vez nos meus, embora que agora suaves, delicados. A sua mão ora
pousada no meu pescoço, ora na cintura ou até nas costas, estudava cada contorno
meu onde a pele estava descoberta. O cansaço apoderava-se de nós, Ruben puxou-me
para si até ficarmos colados, aí pousei a minha cabeça no seu peito, os seus
braços fortes rodearam-me, então adormecemos.
***
Senti a cama vazia, fria. Com a mão, sem
conseguir ainda abrir os olhos, procurei por Ruben. A sua roupa ainda estava em
cima do puff, o que queria dizer que Ruben ainda estaria em casa. Levantei-me
preguiçosamente e aos tropeções encontrei-o na cozinha.
- O que é que já estás a fazer levantado?
Ainda é tão cedo… – Cambaleando, aproximei-me dele, as minhas mãos pousaram no
seu peito e, em bicos de pés, devido à diferença de alturas, beijei-o. Um
sorriso cresceu-lhe nos lábios, as suas mãos rodearam a minha cintura com
ligeira força.
- Estava a pensar em fazer o pequeno-almoço
para a minha namorada antes de me ir embora.
- Ir embora? Para onde?
- O David volta hoje, com a Sara, para
Londres, vou levá-los ao aeroporto. Queres vir comigo?
- Pensei que podíamos almoçar juntos...
- Parece-me uma excelente ideia, mas hoje tem
de ser mais cedo. Logo à tarde volto aos treinos. – A sua cara exprimia um
certo nervosismo. Tinha a certeza de que Ruben iria dar o tudo por tudo para
compensar os colegas e o próprio clube pelos seus atos.
- Vai correr bem. – Garanti. – Agora vamos lá
ao ataque que eu estou com fome.
Na redonda mesa da cozinha estava todo o
trabalho de Ruben. Desde o sumo de laranja natural, ao café e às torradas que
ainda fumegavam, até aos croissants que aparentemente tinham acabado de sair da
padaria.
Enquanto arrumava a cozinha e Ruben se vestia,
optei por acompanhá-lo enquanto levava o seu melhor amigo e a namorada ao
aeroporto. Em poucos minutos estávamos a sair de casa.
***
“Última chamada para o voo com destino a
Londres”, estava na hora do voo de David e Sara. Permanecíamos os quatro de pé,
eu e Ruben mantínhamo-nos ligeiramente mais afastados pois estávamos em
público. Assim que a voz feminina cessou, aproximei-me de Sara com o intuito de
nos despedirmos.
- Façam boa viagem. – Desejei, dando-lhe dois
beijos na cara.
- Gostei de te conhecer Madalena. – Presenteou-me
com um sorriso sincero. Desde o início que achara que David e Sara faziam um magnífico
casal, mas depois de os conhecer minimamente sabia que era verdade.
- Também gostei muito de vos conhecer, aos
dois! – Larguei Sara e dirigi-me a David. Amoroso, David rodeou-me com os seus
braços enquanto Ruben se despedia de Sara para depois se seguir David.
- Gostei de te conhecer garota. Cuida bem
desse aí.
- Vou cuidar. – Exibi um sorriso sincero. Na verdade,
todas as pessoas eram bem mais felizes se tivessem um David na sua vida,
percebi isso quando me afastei de David e Ruben tomou o meu lugar. Um forte
abraço envolveu-os. Tive a sensação de que a amizade de ambos era mais do que
verdadeira, era pura. Uma amizade diferente, tratavam-se como irmãos. Era,
sinceramente, algo bonito de se ver. Sei que não era a única a achar isto, pois
quando olhei para Sara esta também exibia um enorme sorriso que exprimia isto
mesmo.
Afastados, esperámos que David e Sara desaparecessem
por detrás das portas de acesso às pistas. Por sorte, pouca gente sabia que David
se encontrava em Portugal e os que sabiam que ele cá estava não sabiam quando
iria voltar para a cidade que o acolhera há cerca de um ano.
Acabámos por passar num takeaway e almoçar
mesmo no carro. Não precisávamos de grandes restaurantes, grandes pratos. Precisávamos
apenas de momentos só nossos e, era nestas simples coisas que encontrávamos o
nosso lugar. Pela opacidade dos vidros do carro de Ruben, as pessoas na rua mal
conseguiriam ver quem estava dentro do carro estacionado numa das poucas ruas
onde o tráfego humano era menor.
Ruben foi-me levar a casa, que já não ficava
longe, para poder seguir caminho até ao Seixal onde os companheiros de camisola
o esperavam depois de mais de um mês ausente. Despedimo-nos com a certeza que
hoje já não nos veríamos. Ambos tínhamos a noção de que agora seria complicado
estarmos juntos todos os dias, mas iriamo-nos esforçar, era o nosso dever, era
a nossa obrigação.
O tempo corria e Ruben ainda tinha de fazer
cerca de uma hora de viagem. Um pouco à pressa deixou-me em casa, aliás,
demasiado à pressa. Quando abri a porta do prédio já o carro de Ruben tinha
desaparecido no horizonte, restava-me uma tarde sem planos.
- Estava a ver que não te encontrava. – Uma voz
masculina soou. Rapidamente me virei na direção da voz, assustada.
- Bernardo… - A sua cara estava a escassos centímetros
da minha e os seus lábios exibiam um gigante sorriso.
- Tem calma, eu não te vou fazer nada. – Nunca
gostava de mostrar as minhas fraquezas, por isso, dei um passo para trás,
afastando-me assim de Bernardo, e coloquei no rosto aquela expressão de “não te
quero aqui”.
- O que é que estás aqui a fazer?
- Já tinha estado cá, mas a Maria disse-me que
não estavas.
- Ainda não me respondeste. O que é que estás
aqui a fazer?
- Vinha fazer-te companhia, talvez tratar de
assuntos mais importantes… - Lentamente Bernardo aproximava-se de mim. Uma das
suas mãos tocava-me suavemente na franja para depois descer até ao meu rosto.
Afastei-me, mais uma vez, o mais rápido que consegui. – Tem calma, miúda.
- Saí daqui! – Ordenei-lhe já irritada, ordem
à qual ele não obedeceu.
- Quem era aquele do carro?
- Não tens nada a ver com isso!
- Um namorado?
- Sim, por quê?
- Não sabia que tinhas namorado.
- E porque é que eu haveria de te contar?
- Então ele já te levou para a cama?
- Sabes, Bernardo, nem todos são como tu…
- Não vale a pena estares assim tão agressiva,
tu sabes que ainda vais correr atrás de mim. – Emiti uma gargalhada semelhante àquela
que dei quando Bernardo me disse precisamente a mesma coisa no dia do jantar na
sua casa.
- É engraçado como tu ainda repetes isso vezes
sem conta, mas tu é que vens sempre ter comigo.
- Não abuses, Madalena.
- Não? O que é que me fazes? Vais bater-me como
fazias às outras? Há homens no mundo, sabes? E eu estou com um, não preciso de
crianças como tu.
- Tu vais-te arrepender! Quando eu descobrir
quem é o gajo dou-lhe cabo dos miolos.
- Hum, hum. Até lá não me chateies. – Bernardo
sabia como me irritar. Virei-lhe costas e entrei no prédio certificando-me que
a porta da entrada ficava fechada para que ele não pudesse entrar.
bem tou sem palavras... ta fantastico...
ResponderEliminarquero mais...
continua...
Mas que bonito
ResponderEliminaresse bernardo deve ser ca um bacalhao
continua
beijokas
Af ;@ e esse Bernardo ein ?
ResponderEliminarEstá me parecendo que vai trazer muitos problemas!
continua, sim ?
Olá!! Conheci hoje a tua FIC e deixa-me dizer te que está maravilhosa. Escreves lindamente e tenho notado uma certa evolução de capitulo para capitulo, o que ainda me deixa mais ansiosa por ler o próximo :D
ResponderEliminarQuanto à história, prendeste me deste o primeiro capítulo. Li tudo em duas tardes, porque se não tivesse aulas de manhã, ontem tinha chegado a este capítulo. O que importa é que já me actualizei!
Espero que continues a escrever assim e já agora que o Bernardo não traga muitas complicações :P
Parabéns!!!!!