Devido ao jogo ocorrido durante a semana,
Ruben ficara com o domingo livre. Bem, talvez não tão livre. A Dona Bela, mãe
de Ruben, convidara os seus filhos e a namorada de Mauro para o almoço, em sua
casa. Esta senhora adorava reunir a família e desejava, claramente, o aumento
desta, não que quisesse ter netos neste preciso momento, havia outras formas de
aumentar o número de novas caras à mesa. Isto significava convidar-me. A mãe de
Ruben conhecia demasiado bem o seu filho mais novo para saber que alguém
ocupava um cantinho do seu coração, embora eu nunca tenha sido apresentada à
senhora, nem como uma simples amiga, esperava que Mauro, nada tenha dito.
Sábado à noite estava na companhia de Maria,
Joana e Sofia, de pijamas vestidos, acompanhadas por enormes tigelas de pipocas
de microondas. O que a princípio era uma noitada com a cabeça enfiada nos
livros, depressa se tornou numa maratona de filmes de comédia romântica. Visto
que era a única que vivia sozinha, a minha casa tornava-se palco destes
pequenos programas.
O filme decorria, Joana começava a deitar as
primeiras lágrimas de emoção, quando o meu telemóvel vibrou, assustando-nos.
- Ruben. – Atendi.
- Minha pequenina, interrompi o estudo?
- Não, desistimos. Estamos a ver um filme.
- Podíamos ver os dois…
- Deixa-te de ideias, Ruben Filipe!
- Hum, hum. Olha, amanhã almoças connosco?
- Ah… Ruben. Não sei… - Respondi indecisa.
- Então?
- Ainda é tão cedo. Não sei… Começámos há tão
pouco tempo.
- E isso importa?
- Ruben, tu queres apresentar-me à tua mãe
como tua namorada! Tens noção do que me estás a pedir? E se isto entre nós não
der certo?
- Madalena, estás com dúvidas?
- Não. – Esclareci prontamente.
- Então qual é o problema?
- Ruben… - Chamei num suspiro. – Tenho medo.
- Tens medo da minha mãe? – Procurou uma
confirmação com um certo divertimento.
- Não é da tua mãe. Mas e se ela não gostar de
mim? E se eu não for o tipo de pessoa que ela quer para ti?
- A minha mãe não tem nenhum tipo de pessoa
ideal, ela só quer que eu seja feliz.
- Tem. Todas as mães têm!
- Isso até pode ser verdade, mas não há
motivos para ela não gostar de ti. Aliás, eu é que tenho de gostar de ti. –
Sabia que eu tinha razão, no entanto, discutir qualquer assunto com Ruben era
como nadar contra a corrente, acabava sempre por ficar sem argumentos.
- Está bem, ganhaste. – Cedi.
- Isso quer dizer que vens?
- Eu não disse que ia…
- Oh pequenina, anda lá. – Insistiu.
- Deixa-me pensar só mais um bocadinho, está
bem?
- Sim. – Assentiu contrariado e o silêncio
acabou por imperar por instantes.
- Ruben? – Voltei a chamar para confirmar se a
ligação ainda se encontrava estabelecida.
- Diz.
- Estás chateado?
- Não.
- Então, vou desligar está bem?
- Sim. Adoro-te.
- Eu também. – Disse e desliguei tatilmente a
chamada.
Quando atendi a chamada de Ruben afastara-me
um pouco para não incomodar Joana, Sofia e Maria. Agora, retomava ao meu lugar.
- O bonitão já não consegue viver sem ti? –
Brincou Sofia desviando, rapidamente, o olhar da televisão.
- Vamos ver… - Suspirei.
- Então, problemas? – A minha resposta,
seguida do suspiro, despertou a curiosidade das três, mas foi Joana que
formulou a pergunta.
- O Ruben quer que eu vá almoçar com ele
amanhã.
- Onde é que está o problema? – Questionou,
mais uma vez, Joana.
- Com o irmão dele… e a mãe. – Completei.
- Vais conhecer a sogrinha? – Perguntou Maria,
com um ligeiro tom de gozo.
- Não comeces. – Avisei. – O mais certo é nem
ir.
- Não vais? – Encolhi os ombros par expressar
a minha indecisão. – Por que é que não vais?
- Porque acho demasiado cedo, não namoramos
assim há tanto tempo.
- Espera lá, mas não foste tu que disseste que
querias fazer parte da vida de Ruben? – Maria assemelhava-se ao meu tribunal
pessoal, isto é, tudo o que eu dissesse poderia ser usado contra mim.
- E quero, mas… conhecer a mãe dele? Já?
- Por que não?
- Ela pode não gostar de mim e eu faço ideia
do quanto Ruben gosta e admira a mãe.
- E eu faço ideia do quanto ele iria gostar
que fosses com ele…
- Madalena, conhecer a sogra não é assim tão
mau… - Brincou Sofia.
Voltei a agarrar no telemóvel que estava caído
ao meu lado. Passei, rapidamente, os dedos pelo ecrã tátil nos respetivos
lugares de cada letra.
Espero por
ti amanhã.
Não te atrases, porque eu gosto de chegar a horas.
Tal como elas, voltei a dedicar a minha
atenção ao filme, mas poucos minutos depois o vibrar do meu telemóvel voltou a aprisionar
a minha atenção.
Obrigado
por vires!
Adoro-te
Madalena ;)
Sorri, o que não passou despercebido a nenhuma
das três e, assim, provavelmente, deduziram a minha resposta a Ruben.
Um ‘adoro-te’ vindo de Ruben era algo que
formidável, maravilhoso, fascinante, no entanto, sabia que, no meu coração,
algo maior eu guardava.
M-A-I-I-I-I-I-I-I-S !!
ResponderEliminarEstou ansiosa por ver a reacção da mãe do Rúben!
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