Por vezes, o arrependimento não se sobrepõe ao orgulho. Deveria.
Então, não se volta atrás para emendar os erros, apenas se permanece no mesmo
sítio à espera que a solução venha ter connosco, o que por vezes não acontece.
E, o não acontecer não depende apenas de quem comete o erro, mas sim da pessoa
a quem se cometeu. No entanto, não é sinal de fraqueza nem de cobardia, não
necessariamente, apenas nos magoamos com os nossos próprios erros.
Sentado no chão, as suas costas formavam uma curva imperfeita e,
de joelhos ao peito, as mãos escondiam o seu rosto. Ali, sozinho, deixara que o
orgulho se dissipasse e, então, o arrependimento tomou conta dele. Talvez não o
suficiente para voltar atrás. Fiquei, por breves instantes, a contemplá-lo. Uma
estranha vontade de o abraçar dominou-me, queria ir até ele e envolver-me nos seus
braços. E, por vezes, o desejo vence. Em cuidadosos passos, para não fazer
muito barulho, o que não adiantou de muito, pois os saltos denunciaram-me. Ruben
levantou ligeiramente a cabeça para me ver aproximar, sentei-me ao seu lado. A
princípio, nada fiz a não sei permanecer sentada. Ambos instalámos um silêncio
pesado e perturbador, desconfortante. Não olhávamos diretamente um para o
outro, apenas a visão periférica e o som da respiração denunciava a nossa
presença. Vi Ruben voltar a esconder a cara, estava na altura de o enfrentar.
- Ruben. – Chamei-o, num sussurro ensurdecido, para captar a sua
atenção. Continuava petrificado. – Ruben. – Voltei a insistir, mas de nada
adiantou. Forcei-o a abrir espaço para me aninhar a ele, até isso ele recusou.
Tentei olhá-lo nos olhos, os seus fortes braços, apoiados novamente nos
joelhos, não permitiram. Aquilo sim, já estava a ser demasiado para mim. Os
instáveis limites da minha paciência estavam a ser rapidamente ultrapassados.
A verdade é que não vale continuar a insistir quando acabamos por
fazê-lo demasiado. Ou será que vale? Naquele momento a resposta parecia-me
negativa. De nada valia continuar a chamar por Ruben se o próprio nem me
olhava. Aliás, tudo aquilo me parecia uma birra de crianças, sem logica
nenhuma. Já não tinha a certeza do motivo pelo qual Ruben se comportava deste
modo, seria ainda pelo jogo? Então, por que razão se deu ao trabalho de vir a
minha casa quando foi Javi que se ofereceu para me vir trazer a casa, enquanto Ruben
simplesmente me ignorava? Por que razão queria ele dominar a minha vida, as
minhas decisões? Desta vez, a vontade de Ruben parecia-me clara, então
levantei-me rapidamente e caminhei para dentro de casa. Pouco mais de dois
curtos passos tinha dado quando o som de um suspiro pesado chegou aos meus ouvidos.
- Madalena… - Os passos cessaram. Dei meia volta para poder olhar
para aquela figura que meu nome tinha chamado. Continuava sentado no chão,
agora os braços rodeavam os joelhos. O seu olhar estava preso em mim. Tentei
colocar no meu uma expressão de como quem não se importa. Talvez tenha
resultado, pois num salto, Ruben colocou-se de pé. Com o arrependimento colado
no rosto veio na minha direção um pouco a medo. Parou demasiado longe de mim. –
Eu… Madalena… Eu… - De cabeça baixa gaguejava e soltava pequenos suspiros, sem
saber ao certo o que dizer. Coloquei um dedo nos seus lábios.
Perto dos elevadores, jovens vozes desconhecidas faziam-se ouvir.
Arrastei-o para dentro dos meus limites privados e Ruben ainda continuava sem
dizer nada. Conduzi-o até à sala de estar onde ocupámos o grande sofá. Estava
na hora de fazer alguma coisa, na minha cabeça, neste momento, assemelhávamo-nos
a dois estranhos que tem de estar no mesmo sítio, tal como acontece a milhares
de pessoas nas paragens dos transportes públicos.
Sentado caracteristicamente no sofá, ocupei o seu colo. De frente
para ele, tentei usar algumas técnicas de sedução como aparecem nos filmes
românticos para despertar a sua atenção, aparentemente resultaram embora
tivesse a sensação que parecia uma idiota, pois Ruben olhou-me olhos nos olhos.
Desfiz-me num sorriso tímido e entreguei-me aos seus lábios. Doces, suaves,
perigosos. Num beijo de saudade, de perdão, de desejo e sentimento, muito
sentimento. Redescobríamos caminhos na boca um do outros e descobríamos novos,
as nossas mãos viajavam cada vez mais desesperadas pelos corpos, mordia-lhe
levemente o lábio inferior enquanto Ruben me apertava os glúteos. Aqueles
simples atos estavam a deixar-me louca, não era a única, pois a euforia de
Ruben denunciava-o. Rapidamente, comecei a sentir as mãos de Ruben a pousarem
na pele quente das minhas costas, instintivamente juntei-me um pouco mais a
ele, levando-o a encostar-se totalmente no sofá, pois se não o fizesse a sua
cara ficaria aterrada em meu peito. Os beijos e a nossa entrega mútua
intensificaram-se, Ruben esforçava-se para me retirar a camisola e eu sentia
força para fazer-lhe o mesmo. Embora com a sua ajuda, breves instantes depois
larguei a sua camisola no chão atrás de mim. Como era magnífico ver aqueles
abdominais, aquele corpo trabalhado, não que nunca o tivesse visto em tronco
nu, mas agora era uma perspetiva diferente. Embora não tivesse disposta a ficar
sem camisola, Ruben continuava a esforçar-se por retirá-la do meu corpo. Até
que, os nossos beijos, imensamente intensificados começaram a perder
intensidade. Se eu achava que o momento tinha chegado, provavelmente não seria
ainda.
- Ruben, o que se passa? – Perguntei quando Ruben acabou por nos
separar, permitindo apenas que ficasse sentada no seu colo, com as suas mãos
pousadas na minha cintura. – Vá lá, fala comigo. – Insisti.
- Não se passa nada, amor.
- Hum, então ignoraste-me um dia inteiro por nada? – Conclui.
- Eu não…
- Foi precisamente isso que fizeste. – Interrompi. – Eu não
acredito que não tenha sido por nada. Houve um motivo e eu quero saber qual.
- Quem é o Bernardo? – Rematou. Tive a sensação de me estava a
mudar o tema da conversa.
- Bernardo? Que Bernardo?
- Não conheces ninguém com esse nome?
- Conheço, um colega de curso. Mas, por que é que… Conhece-lo? –
Perguntei confusa.
- É esse mesmo. O que é que achas dele?
- O que é que eu acho? Não acho nada, não falo muito com ele.
Ruben, o que se passa?
- O que é que ele é para ti? – Insistia Ruben.
- É um colega, já te disse.
- Só?
- Ruben, mas que conversa é esta? De onde veio o Bernardo agora?
Pensava que nem o conhecias…
- E não conheço, mas…
- Mas?
- Há uns tempos a Maria falou-me dele e da vossa história…
- E porque haveria ela de te contar coisas a meu respeito?
- Porque eu lhe pedi…
- É por isso que estás assim?
- Eu tenho medo de te perder, Madalena.
- Não será por ele que me poderás perder. – Não lhe podia dizer
que nunca me iria perder pois era algo que as pessoas prometiam e nunca cumpriam,
pois uma das partes acabava sempre por ir embora. – Mas, Ruben, eu não vou
tolerar mais isto. Se tens alguma duvida em relação a mim, é a mim que tens de perguntar.
- Mas eu não tenho duvidas.
- Então para que foi esta cena de ciúmes?
- Não são ciúmes!
- Não são? – Soltei uma pequena gargalhada.
- Só um bocadinho…
- Hum, hum.
- Mas é só porque te amo!
- Ruben, eu… Eu também te amo. – Era a primeira vez que dizia ‘amo-te’.
Sempre achei uma palavra forte demais para ser dita em vão. Então, sempre
procurei guardá-la para quem a merecesse ouvir, para o momento em que eu
tivesse a certeza que sentia tudo aquilo que a pequena palavra implicava.
- Tu o quê? – Perguntou-me com um enorme sorriso no rosto. Percebi
que Ruben tinha percebido perfeitamente o que acabara de lhe dizer.
- Nada.
- Repete.
- Amo-te!
- Sabes o quão bom é ouvir-te finalmente dizer que me amas?
- Tenho uma pequena ideia… - Diminui a distância entre nós e entreguei-me novamente ao seu beijo. Todos os nossos beijos eram caracteristicamente nossos mas, todos diferentes. E este, certamente, estaria escalado como um dos melhores. Agora, ambos, estávamos igualmente entregues ao mesmo sentimento.
- Tenho uma pequena ideia… - Diminui a distância entre nós e entreguei-me novamente ao seu beijo. Todos os nossos beijos eram caracteristicamente nossos mas, todos diferentes. E este, certamente, estaria escalado como um dos melhores. Agora, ambos, estávamos igualmente entregues ao mesmo sentimento.
- Será que agora podes desculpar este imbecil que gosta muito de
ti?
- Enquanto permaneceres aqui, – Coloquei a sua mão no meu peito para que pudesse sentir os batimentos do meu coração – estarás sempre desculpado.
- Enquanto permaneceres aqui, – Coloquei a sua mão no meu peito para que pudesse sentir os batimentos do meu coração – estarás sempre desculpado.
magnifico...
ResponderEliminarquero mais... tou super curiosa para ver o proximo...
continua...
Isto está lindo meu deus.
ResponderEliminarcontinua...
queremos mais!
Olá : )
ResponderEliminarAdorei!
Estou desejosa que postes o próximo ;)
Beijinhos
Ritááá xD
romanceinesperado.blogspot.com
speedofloveslb.blogspot.com
Adorei!
ResponderEliminarEstá lindo!
Quero ler o próximo.
Beijinhos
Amei, adorei! Está fantástico! E como vim agora do McDonald posso dizer que I'M LOVIN' IT!
ResponderEliminarCada vez tenho mais a certeza que esse Bernardo vai começar a trazer cada vez mais problemas. E se cada vez que ele fizer alguma coisa o Ruben fizer uma cena de ciumes, acho que o final é obvio.
Por ultimo, essa Maria irrita-me um bocado. Primeiro é muito amiga e depois vai contar ao Ruben histórias.
Continua, está aqui uma linda história! Beijocas
Finalmente consegui meter a leitura em dia, adorei, agora quero o próximo.
ResponderEliminarEspero que esta história do Bernardo não venha trazer problemas ao casalinho. Continua porque os capitulos estão lindos.
Beijocas
Fernanda
Ola! Descobri esta fanfic hoje(ou melhor ontem), comecei a ler e fiquei apaixonada. Já estou a HORAS a ler e só quero mais e mais! :D
ResponderEliminarAMO esta historia, Parabéns!
Acho que com o "Amo-te" o Rúben ficou mais confiante, pois a Madalena diz sempre antes não antes mesmo de escutar o seu coração.
Esse BERNARDO, BAHH!
Quero saber como é que o irmão da Madalena vai receber o cunhado :)
E quero muito, ver o Ru a conhecer o sogrão benfiquista!
Próximo, vem quando?! ANSIOSA :)
Beijos! *.*
<5