quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

27º Capítulo: Apresentações

 Sentia que todos os minutos passados a seu lado não eram os suficientes. Agora, deitados no sofá da sala, bastante próximos, tentávamos compensar todo o tempo perdido. Haveria algo para compensar?

 Alguém começou a bater à porta e a tocar à campainha para que o barulho fosse maior. Que pressa! Olhei para Ruben um pouco assustada, estaria ele à espera de alguém? E se fosse a sua mãe? Pela sua expressão não me sabia dizer o nome da pessoa que, impaciente, esperava do outro lado da porta. Desviou-me, abrindo espaço para que se pudesse levantar e ir abrir a porta.

 - Ruben. – Chamei-o, ao agarrar-lhe num braço para que não desse mais nenhum passo. – E se for a tua mãe?

 - Estás com medo? – Perante a minha cara assustada, um sorriso brincalhão nasceu-lhe. E se fosse aquela senhora que Ruben tanto adorava? Eu estava a morrer de medo e ele ainda tinha o descaramento de gozar comigo. – Tem calma, não deve ser ela.

 - Então quem é?

 - Só te posso dizer se me deixares abrir a porta. – Disse olhando para a minha mão que ainda lhe apertava o braço com uma força desnecessária.

 - Despacha-te. – Assim que o larguei, o seu sorriso intensificou-se.

 Sentei-me na poltrona branca em forma de mão, aí, quem quer que estivesse do outro lado da porta, não me conseguiria ver do pequeno corredor da entrada. Atenta a todos os passos, ouvi a porta abrir-se e uma voz de homem surgiu. Não reconheci, mas esperava que um nome ajudasse.

 - Mano! – Exclamou a voz desconhecida.

 - Tinhas de ser tu. – Dissera Ruben, a brincar. – Entra.

 Entra? E agora? Era demasiado tarde para me esconder na casa de banho ou para poder ir para o piso superior. Ouvi a porta a fechar. Ruben entrou na sala atrás daquele que eu pensava ser seu irmão, era mesmo ele, reconheci-o quando encontrei, há meses, Ruben no parque de estacionamento do Colombo. Claro, “Mano”, como é que eu não soube logo que era Mauro? A poucos passos de mim, Mauro entrava na divisão, os nervos apoderaram-se de mim. Qual era a diferença entre conhecer a mãe de Ruben e o seu irmão? Era muita, obviamente, mas eram as duas pessoas mais importantes da vida dele.

 Devido ao local onde me encontrava, Mauro não me viu assim que entrou, o que me permitiu olhar, desesperadamente, para Ruben. Mas, não demorou muito até que Mauro me olhasse. A razão pela qual estava aqui a esta hora era óbvia, visto que segurava na mão um jornal igual ao que eu e Maria tínhamos lido esta manhã. Mauro também ficara a saber que Ruben não tinha ido para o estrageiro através de um jornal. Meti-me de pé rapidamente e aproximei-me deles. Mauro e eu olhámos para Ruben, que se viu obrigado a fazer as devidas apresentações.

 - Muito bem, Madalena é o meu irmão. Mauro é a… Madalena. – Disse sorrindo e com os olhos postos em mim.

 - Olá, prazer em conhecer-te. – Dissemos ambos, quase em simultâneo. Cumprimentámo-nos, logo em seguida, com dois beijos na face.

 Mauro olhava-me, ou melhor, observava-me, provavelmente procurava uma explicação para a minha presença na casa de Ruben àquela hora, tendo em conta a maneira como Ruben ainda se encontrava vestido.

 - A Madalena é minha… - Olhei-o de repente, não queria que fosse já apresentada como sua namorada – amiga. – Completou num tom de voz estranho.

 - Eu acho que já te vi em algum lado… - Mauro continuava-me observando, estaria à procura, na sua mente, do momento em que, carregada com os presentes de Natal, choquei contra Ruben. – Já sei! És a rapariga do estacionamento.

 - Acho que… acho que já me chamaram coisas piores…

 - Desculpa. – Pediu-me coçando os pequenos cabelos atrás da orelha, provavelmente por querer dizer o que disse de outra forma, mas não levei a mal. – Era suposto isto soar de outra maneira… - Acenei-lhe de forma a garantir que estava tudo bem. Os momentos seguintes foram de silêncio.

 - O que estás aqui a fazer a esta hora? – Ruben quebrou o silêncio ao pedir justificações ao irmão mais velho.

 - Vim dar-te os parabéns, já que tu nem à mãe contaste que ficavas em Portugal…

 - Mano, não podia. – Desculpou-se encolhendo os ombros.

 - Então vais ter de explicar tudo à Dona Bela, porque ela ficou fula. – Soltou uma gargalhada, e eu imaginei a senhora a dar na cabeça de Ruben, não pude deixar de sorrir. – E só não veio cá porque tinha de ir tratar de uns assuntos no SPA, mas se não fores lá antes do almoço, e com uma boa desculpa, ela mesma vem aqui.

 - Ficou assim tão chateada?

 - Ficar a saber o futuro do seu filhote pelo jornal não foi lá grande ideia…

 Tremi só de colocar a hipótese de ainda estar em casa de Ruben quando a sua mãe entrasse pronta a guerrear (com razão) com o filho, logo comigo ali. Não, isso não era hipótese. Antes faria de tudo para que Ruben fosse ter com ela ou ia-me embora antes da hora de almoço. Conhecer Mauro, embora não oficialmente, tinha sido constrangedor, se conhecesse no mesmo dia a mãe de Ruben… Não, era demasiado cedo, e demasiado para um dia só.

 - Esperem lá, eu vim interromper alguma coisa? – Olhando primeiro para mim e depois para Ruben.

 - Não, por quê? – Perguntou Ruben tão confuso quanto eu.

 - Não sei, tu e a tua namorada não… - Claro, Ruben estava em tronco nu, apenas com uns calções vestidos.

 - Não Mauro, não interrompeste nada. Eu e a Madalena somos só…

 - Não te atrevas a mentir, não para mim. – Disse interrompendo o Ruben e olhando-me. – Minha querida, para além de o conhecer demasiado bem, não nasci ontem… Mas não te preocupes, eu não conto nada à Dona Bela. – Descansou-me.

 - Obrigada. – Agradeci, envergonhada.

 - Andas a esconder-me demasiadas coisas, maninho…

 - Eu só não te meti a par do meu trabalho.

 - Não estou a falar disso, deixo esse castigo para a mãe. Com certeza já pensou em algo para ti. Estou a falar do que se passa aqui. – Apontou alternadamente, com o dedo indicador para nós.

 - Queres saber mais do que eu, não?

 - Vá lá mano, há quanto tempo namoram? Por que é que eu nunca soube de nada?´

 - Porque não havia nada para saber.

 - Há quanto tempo? – Insistiu.

 - Alguns minutos antes de tu chegares. – Percebi que nesse instante Mauro ficara um pouco mais do que constrangido, talvez se sentisse um pouco a mais. Mesmo depois da minha insistência para ficar connosco mais um pouco, contra a vontade de Ruben, Mauro apressou-se nas despedidas, desejando sorte a Ruben e saiu apressadamente, deixando-nos, assim, novamente sozinhos.

 Sem tempo a perder, Ruben despachou o irmão o mais rápido que conseguiu para se juntar a mim em poucos segundos.

 - Ruben, isto aqui está muito bom, mas tens de ir ter com a tua mãe…

 - Hum, ainda é cedo. – Refilou.

 - Já é quase hora de almoço.

 - Queres almoçar comigo?

 - Quero é que tu vás ter com a tua mãe, ela deve estar chateada contigo.

 - Vens comigo?

 - Não, definitivamente não! Vou para casa ter com a Maria que está lá à minha espera.

 - Dormiu lá?

 - Sim. – E estava-lhe muito grata por isso. – Não conseguia dormir e ela ficou comigo…

 - Fui um estupido em não te atender, não fui?

 - Não tonto. Fizeste o que te ordenaram, eu é que fiquei com medo.

 - Desculpa.

 - Graças a ela estou aqui agora, por isso não peças desculpa.

 Decididos a sair, Ruben subia as escadas em caracol de dois em dois degraus com uma velocidade alucinatória. No andar de baixo, onde eu me encontrava, devido ao silêncio, conseguia ouvir todos os passos de Ruben ao vestir-se muito rapidamente, as portas de correr do roupeiro afastavam-se para depois deslizarem para a posição inicial, deslize esse que produzia som audível, ouvia também as persianas do quarto de Ruben recolherem. Minutos depois, encontrava-se junto a mim.

 Agarrados, apenas até à porta da entrada de casa do Ruben, preparávamo-nos para seguir diferentes caminhos. Assim que o trinco estalou e a porta abriu largámo-nos, não queria ter uma vida social conhecida e bisbilhotada por todos. Fora das quatro paredes seguras eramos simples amigos.


5 comentários:

  1. Se ao conhecer o mano ficou assim nem quero imaginar como será quando conhecer a mãe. a Madalena tem mesmo que agradecer à amiga Maria, se não fosse ela ainda andavam de costas voltadas.
    Gostei muito, continua

    Beijos

    Fernanda

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  2. As amigas assim já são tão raras...

    Continua com a escrita :) Está aqui uma linda história!

    Beijinho

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  3. Olá Jessica!
    Conheci a tua fic à pouco tempo mas posso dizer que li os teus capítulos todos num dia :D
    Estou ansiosa por um novo capítulo!
    Dá um saltinho ao meu blog para conheceres a minha fic.
    Tenho lá no blog um desafio para ti ;)
    Beijinhos
    http://romanceinesperado.blogspot.com
    Ritááá xD

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  4. Estou a adorar ! LINDO LINDO :D
    Quero o próximo.
    Também lês a saga da PC CAST? House of night ? Estou ansiosa para poder ler o Despertada *.*

    Olha, tal como a Ritáá tenho um desafio para ti, que me foi passado por ela. Passa lá.
    Beijinhos
    Ana Sousa

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  5. Então, e isso acaba assim ? Gosto imenso da tua fic! Quero MAIS! +.+

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