Estava a adorar a companhia. Elas pareciam
pessoas excelentes, todas se davam bem, nunca houve um momento em que faltasse
tema de conversa. As crianças corriam e brincavam, incansáveis e também
ansiosas pela hora da sobremesa. Mas ainda tinha de esperar, elas e nós, pois
eles jantavam calmamente, também entre conversas e brincadeiras maioritariamente
provocadas por Ruben e David.
- Dime,
nosotras no sabíamos que Ruben tenia novia. – Foi Elena que se fez ouvir depois
de mais umas piadas da dupla.
- Sim, aquele moleque não contou p’ra ninguém.
– Brenda, a mulher de Luisão, fingiu-se de chateada, o que despertou uma
ligeira risota em nós.
- Não teve oportunidade. – Desculpei-o.
Olhei-as rapidamente, elas esperavam que lhes dissesse mais qualquer coisa e
assim fiz. – Começámos, oficialmente, ontem.
- Estão fresquinhos… -Gracejou Tânia, namorada
de Miguel Vítor. – Deves estar felicíssima por ele não ter sido emprestado. –
Acenei-lhe, com a cabeça, positivamente.
- Nem sabes o quanto te compreendo. – Foi a
vez de Sara se pronunciar. – Por muitas vezes que o David venha cá ou eu vá a
Londres ter com ele, tenho a sensação que o tempo é sempre pouco.
- Se ele não tivesse ficado nunca teríamos
chegado até aqui… Por isso, sim, estou feliz, aliás, muito feliz!
- Fazem um casal tão querido. – Elogiou
Andreia, a mulher de Fábio Coentrão que, mesmo a jogar no Real Madrid, veio ao
jantar de aniversário do seu ex-companheiro de camisola.
- ¿No es así? ¡También creo que hacen una pareja
maravillosa!
Podia dizer
que o programa ainda ia a meio e já gostava imenso delas, especialmente de
Elena e de Andreia, que segurava, ao lado do seu marido Fábio, e também sob o
olhar atento e paternal deste, a pequena Vitória, que dormia profundamente.
Fiquei com a sensação de que Brenda era, também ela, uma boa pessoa, embora não
tivesse muito tempo para falar com ela pois esta mãe galinha andava sempre de
olho na sua pestinha Sophia, dentro de meses seriam duas pestinhas, visto que
esperava o seu segundo filho.
Dei por
mim a olhar para Vitória, nome dado pelo pai, vá-se lá saber o motivo, sendo
também o nome da águia do clube encarnado. Dormia profundamente. Sempre gostara
de crianças, esse sentimento por elas aumentou desde que o meu pequeno irmão,
Artur, nasceu, no entanto, nunca tive oportunidade de acompanhar o seu
crescimento de perto, todos os dias. Sorri. Como poderiam crianças assim não
serem amadas?
-
Madalena. – Chamou-me Andreia. Subi o olhar e encontrei os dois pares de olhos
do casal a olharem para mim. – Queres-lhe pegar?
- É melhor
não, ela está a dormir tão bem… - Queria, queria muito pegar-lhe. As pequeninas
mãos agitavam-se repetidamente.
- Não tem
problema, ela não acorda. – Levantei-me para que Andreia me conseguisse passar
Vitória para os braços.
- Tão
pequenina… - A bebé não acordou, apenas parou por instantes os movimentos das
mãos para o retomar logo de seguida quando me voltei a sentar com ela nos meus
braços. Passava-lhe cuidadosamente os dedos pelas rosadas bochechas e pelos
poucos e loiros cabelos.
- Gostas
mesmo de crianças, não gostas? – Perguntou Andreia ao ver o meu rosto babado.
Assenti-lhe. – Tens irmãos?
- Tenho.
Tem dois anos e estou a morrer de saudades dele. – Confessei-lhe.
- Posso
perguntar o motivo?
- Eu não
sou de cá, sou do Alentejo e os meus pais moram lá. Vejo-o poucas vezes. –
Senti as saudades do meu pequenino apertarem. Andreia sorriu-me, talvez fosse
um sorriso de consolo. Voltei a admirar aquele pequeno ser.
A hora das
sobremesas estava a chegar, isso notava-se pela agitação das crianças que se
tinham acabado de sentar à mesa, novamente. Senti uma mão pousar-me lentamente
no ombro, embora soubesse quem seria, confirmei. Assim que o olhei, Ruben
agachou-se na minha frente, sem nada dizer.
- Sim? –
Incentivei-o.
- Sim o
quê?
- Queres
dizer-me alguma coisa?
- Não… Já
não posso olhar para a minha maravilhosa namorada? – Sorri-lhe mais uma vez.
Ruben levantou-se ligeiramente para me poder beijar. Um beijo simples, suave,
estavam rodeados de pessoas.
- Meus
meninos, desculpem lá mas a minha filha é nova de mais para ver essas coisas! –
Fábio afastou Ruben de mim e pegou na sua filha que até então dormia nos meus
braços. – Desculpa lá, mas eu não confio neste para… Que poucas vergonhas! –
Brincava Fábio, o que provocou nova risota geral.
- Pensas
que a tua filha não vai saber como se fazem os bebés? – Brincou Ruben.
- Só
quando casar e com a minha autorização! – Andreia, ao meu lado, desmanchou-se a
rir. – Vais ver quando tiveres filhas se não pensas o mesmo…
- Eu
prefiro rapazes, pode ser que herdem o talento do futebol do pai.
- Só se
for mesmo no futebol porque de resto é bom que herdem da mãe…
- Estás a
chamar-me feio? David, tu já viste isto?
- Manz,
não me meta. Pergunta aí p’ra sua garota.
- Ruben,
deixa-te de coisas, a mãe é muito mais bonita do que tu…
- Mãe? –
Desta vez fui eu a fazer-me ouvir. Ruben olhou-me. – Esperem lá, não me metam
ao barulho. Isso de ser mãe é só para daqui a alguns anos.
- Ahah,
vais ser pai quando tiveres idade para ser avô. – Gozou mais uma vez Fábio.
- Galera,
acho que cês tão assustando Madalena com os nenéns. – Agradeci a Brenda pela
intervenção. Estava comprovado que quando eles se juntavam, qualquer espaço,
fora das quatro linhas, transformava-se num infantário.
Depois de
termos passado o jantar inteiro separados, na hora da sobremesa Ruben juntou-se
a mim, sentou-se na cadeira onde eu estava e fez-me sentar no seu colo,
rodeando a minha cintura com os seus braços. Por vezes, sentia os seus lábios
na pele descoberta dos meus braços e, de todas as vezes que o senti, olhei-o
apaixonada.
As horas
voltaram a adquirir uma velocidade estonteante e só tivemos noção disso quando
as brincadeiras das crianças acalmaram um pouco devido ao sono. A noite já ia
longa, aliás, até posso dizer que adorei a noite, adorei conhecer a sua segunda
família, conviver com os seus fantásticos amigos e, acima de tudo, sentir que
estava a começar a fazer parte da vida de Ruben, sim, adorei, ou melhor, amei
essa sensação.
Embora a
temperatura atmosférica tivesse baixado consideravelmente, esperamos, junto do
meu carro, que os convidados seguissem rumo às respetivas casas para que nós pudéssemos
fazer o mesmo. Ruben, teimoso como sempre, insistiu em seguir-me até casa,
mesmo que isso implicasse fazer mais uns bons minutos de viagem, já que não
podia ser ele a levar-me pois tínhamos vindo separados. Os meus argumentos
rapidamente se esgotavam com ele e, consequentemente, ele ganhava sempre.
O caminho
de regresso parecia-me mais comprido, talvez devido ao cansaço. A rua já bem
conhecida estendeu-se à minha frente e o lugar onde habitualmente estacionava o
meu carro estava vago. Ruben estacionou o seu perto do meu.
- Ruben,
devias ir para casa, está a ficar tardíssimo.
- Vou-te
levar até lá a cima e depois vou logo para casa, pode ser? – Presenteou-me com
um sorriso maroto magnífico, rodeou-me a cintura com um braço e puxou-me para
si.
Com dificuldade,
devido ao escuro do corredor, abri a porta de casa.
- Já estou
entregue. Agora já podes ir?
- Queres
assim tanto ver-me pelas costas? – Ruben fez uma carinha de menino triste que
me deixou derretida.
-Não. Tu é
que disseste que assim que me deixasses em casa ias embora… - Lentamente
voltei-me a aproximar dele, as suas mãos voltaram a possuir a minha cintura e
as minhas pousaram no seu peito. – Ficas cá esta noite?
- Queres
que fique? – Beijei-o com desejo. As suas mãos rapidamente me começaram a
apertar e a puxar mais para si, os nossos corações batiam descompassados e a
respiração tornava-se irregular.
Não sabia
se era demasiado cedo, com Ruben perdia a noção de tempo, sabia apenas que
nenhum de nós tinha maturidade para agir como dois adolescentes. Afinal, se
durante um mês sofremos por estarmos longe por quê permanecer longe agora?
Haveria melhor forma do que um beijo de dar uma resposta?
Para que me perguntou o nome da música do blog, então é o seguinte, "What Are Words" de Chris Medina.
Aproveito para agradecer, mais uma vez, a todos os leitores que acompanham o que eu escrevo.
Beijinho, Jéssica ♥
Está muito bom. Já começas a dar suspanse no final ^^
ResponderEliminarFabuloso. Quero o proximo capitulo rapidinhooo
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