terça-feira, 31 de janeiro de 2012

30º Capítulo: Happy Birthday Lover (Parte III)

 Estava a adorar a companhia. Elas pareciam pessoas excelentes, todas se davam bem, nunca houve um momento em que faltasse tema de conversa. As crianças corriam e brincavam, incansáveis e também ansiosas pela hora da sobremesa. Mas ainda tinha de esperar, elas e nós, pois eles jantavam calmamente, também entre conversas e brincadeiras maioritariamente provocadas por Ruben e David.

 - Dime, nosotras no sabíamos que Ruben tenia novia. – Foi Elena que se fez ouvir depois de mais umas piadas da dupla.

 - Sim, aquele moleque não contou p’ra ninguém. – Brenda, a mulher de Luisão, fingiu-se de chateada, o que despertou uma ligeira risota em nós.

 - Não teve oportunidade. – Desculpei-o. Olhei-as rapidamente, elas esperavam que lhes dissesse mais qualquer coisa e assim fiz. – Começámos, oficialmente, ontem.

 - Estão fresquinhos… -Gracejou Tânia, namorada de Miguel Vítor. – Deves estar felicíssima por ele não ter sido emprestado. – Acenei-lhe, com a cabeça, positivamente.

 - Nem sabes o quanto te compreendo. – Foi a vez de Sara se pronunciar. – Por muitas vezes que o David venha cá ou eu vá a Londres ter com ele, tenho a sensação que o tempo é sempre pouco.

 - Se ele não tivesse ficado nunca teríamos chegado até aqui… Por isso, sim, estou feliz, aliás, muito feliz!

 - Fazem um casal tão querido. – Elogiou Andreia, a mulher de Fábio Coentrão que, mesmo a jogar no Real Madrid, veio ao jantar de aniversário do seu ex-companheiro de camisola.

 - ¿No es así? ¡También creo que hacen una pareja maravillosa!

 Podia dizer que o programa ainda ia a meio e já gostava imenso delas, especialmente de Elena e de Andreia, que segurava, ao lado do seu marido Fábio, e também sob o olhar atento e paternal deste, a pequena Vitória, que dormia profundamente. Fiquei com a sensação de que Brenda era, também ela, uma boa pessoa, embora não tivesse muito tempo para falar com ela pois esta mãe galinha andava sempre de olho na sua pestinha Sophia, dentro de meses seriam duas pestinhas, visto que esperava o seu segundo filho.

 Dei por mim a olhar para Vitória, nome dado pelo pai, vá-se lá saber o motivo, sendo também o nome da águia do clube encarnado. Dormia profundamente. Sempre gostara de crianças, esse sentimento por elas aumentou desde que o meu pequeno irmão, Artur, nasceu, no entanto, nunca tive oportunidade de acompanhar o seu crescimento de perto, todos os dias. Sorri. Como poderiam crianças assim não serem amadas?

 - Madalena. – Chamou-me Andreia. Subi o olhar e encontrei os dois pares de olhos do casal a olharem para mim. – Queres-lhe pegar?

 - É melhor não, ela está a dormir tão bem… - Queria, queria muito pegar-lhe. As pequeninas mãos agitavam-se repetidamente.

 - Não tem problema, ela não acorda. – Levantei-me para que Andreia me conseguisse passar Vitória para os braços.

 - Tão pequenina… - A bebé não acordou, apenas parou por instantes os movimentos das mãos para o retomar logo de seguida quando me voltei a sentar com ela nos meus braços. Passava-lhe cuidadosamente os dedos pelas rosadas bochechas e pelos poucos e loiros cabelos.

 - Gostas mesmo de crianças, não gostas? – Perguntou Andreia ao ver o meu rosto babado. Assenti-lhe. – Tens irmãos?

 - Tenho. Tem dois anos e estou a morrer de saudades dele. – Confessei-lhe.

 - Posso perguntar o motivo?

 - Eu não sou de cá, sou do Alentejo e os meus pais moram lá. Vejo-o poucas vezes. – Senti as saudades do meu pequenino apertarem. Andreia sorriu-me, talvez fosse um sorriso de consolo. Voltei a admirar aquele pequeno ser.

 A hora das sobremesas estava a chegar, isso notava-se pela agitação das crianças que se tinham acabado de sentar à mesa, novamente. Senti uma mão pousar-me lentamente no ombro, embora soubesse quem seria, confirmei. Assim que o olhei, Ruben agachou-se na minha frente, sem nada dizer.

 - Sim? – Incentivei-o.

 - Sim o quê?

 - Queres dizer-me alguma coisa?

 - Não… Já não posso olhar para a minha maravilhosa namorada? – Sorri-lhe mais uma vez. Ruben levantou-se ligeiramente para me poder beijar. Um beijo simples, suave, estavam rodeados de pessoas.

 - Meus meninos, desculpem lá mas a minha filha é nova de mais para ver essas coisas! – Fábio afastou Ruben de mim e pegou na sua filha que até então dormia nos meus braços. – Desculpa lá, mas eu não confio neste para… Que poucas vergonhas! – Brincava Fábio, o que provocou nova risota geral.

 - Pensas que a tua filha não vai saber como se fazem os bebés? – Brincou Ruben.

 - Só quando casar e com a minha autorização! – Andreia, ao meu lado, desmanchou-se a rir. – Vais ver quando tiveres filhas se não pensas o mesmo…

 - Eu prefiro rapazes, pode ser que herdem o talento do futebol do pai.

 - Só se for mesmo no futebol porque de resto é bom que herdem da mãe…

 - Estás a chamar-me feio? David, tu já viste isto?

 - Manz, não me meta. Pergunta aí p’ra sua garota.

 - Ruben, deixa-te de coisas, a mãe é muito mais bonita do que tu…

 - Mãe? – Desta vez fui eu a fazer-me ouvir. Ruben olhou-me. – Esperem lá, não me metam ao barulho. Isso de ser mãe é só para daqui a alguns anos.

 - Ahah, vais ser pai quando tiveres idade para ser avô. – Gozou mais uma vez Fábio.

 - Galera, acho que cês tão assustando Madalena com os nenéns. – Agradeci a Brenda pela intervenção. Estava comprovado que quando eles se juntavam, qualquer espaço, fora das quatro linhas, transformava-se num infantário.

 Depois de termos passado o jantar inteiro separados, na hora da sobremesa Ruben juntou-se a mim, sentou-se na cadeira onde eu estava e fez-me sentar no seu colo, rodeando a minha cintura com os seus braços. Por vezes, sentia os seus lábios na pele descoberta dos meus braços e, de todas as vezes que o senti, olhei-o apaixonada.

 As horas voltaram a adquirir uma velocidade estonteante e só tivemos noção disso quando as brincadeiras das crianças acalmaram um pouco devido ao sono. A noite já ia longa, aliás, até posso dizer que adorei a noite, adorei conhecer a sua segunda família, conviver com os seus fantásticos amigos e, acima de tudo, sentir que estava a começar a fazer parte da vida de Ruben, sim, adorei, ou melhor, amei essa sensação.

 Embora a temperatura atmosférica tivesse baixado consideravelmente, esperamos, junto do meu carro, que os convidados seguissem rumo às respetivas casas para que nós pudéssemos fazer o mesmo. Ruben, teimoso como sempre, insistiu em seguir-me até casa, mesmo que isso implicasse fazer mais uns bons minutos de viagem, já que não podia ser ele a levar-me pois tínhamos vindo separados. Os meus argumentos rapidamente se esgotavam com ele e, consequentemente, ele ganhava sempre.

 O caminho de regresso parecia-me mais comprido, talvez devido ao cansaço. A rua já bem conhecida estendeu-se à minha frente e o lugar onde habitualmente estacionava o meu carro estava vago. Ruben estacionou o seu perto do meu.

 - Ruben, devias ir para casa, está a ficar tardíssimo.

 - Vou-te levar até lá a cima e depois vou logo para casa, pode ser? – Presenteou-me com um sorriso maroto magnífico, rodeou-me a cintura com um braço e puxou-me para si.

 Com dificuldade, devido ao escuro do corredor, abri a porta de casa.

 - Já estou entregue. Agora já podes ir?

 - Queres assim tanto ver-me pelas costas? – Ruben fez uma carinha de menino triste que me deixou derretida.

 -Não. Tu é que disseste que assim que me deixasses em casa ias embora… - Lentamente voltei-me a aproximar dele, as suas mãos voltaram a possuir a minha cintura e as minhas pousaram no seu peito. – Ficas cá esta noite?

 - Queres que fique? – Beijei-o com desejo. As suas mãos rapidamente me começaram a apertar e a puxar mais para si, os nossos corações batiam descompassados e a respiração tornava-se irregular.

 Não sabia se era demasiado cedo, com Ruben perdia a noção de tempo, sabia apenas que nenhum de nós tinha maturidade para agir como dois adolescentes. Afinal, se durante um mês sofremos por estarmos longe por quê permanecer longe agora? Haveria melhor forma do que um beijo de dar uma resposta?





Para que me perguntou o nome da música do blog, então é o seguinte, "What Are Words" de Chris Medina.
Aproveito para agradecer, mais uma vez, a todos os leitores que acompanham o que eu escrevo.

Beijinho, Jéssica ♥

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