segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

14º Capítulo: Eternos rivais

 Um sorriso formou-se na cara de Ruben. Abracei-o fortemente, os seus braços fortes envolveram-me. Os seus lábios, mais uma vez, procuraram os meus, embora de forma diferente, desta vez mostravam urgência. Não o deixei prolongar. Estávamos na rua, Ruben era conhecido onde quer que fosse. Conduzi-o até minha casa.

 Almoçámos em minha casa e, para meu enorme espanto, Ruben fez questão de cozinhar. Afinal, não sabia só fazer ovos mexidos.



***



 O calor que saía do aquecedor fazia-se sentir por toda a sala de estar. O telefone fixo tocou, separei-me dos braços de Ruben, estiquei-me um pouco para o alcançar, uma vez que estava numa mesa de apoio perto do sofá.

 - Ah, afinal já estás em Lisboa e não dizias nada. – Era Maria. Realmente era muito esperta, tão esperta ao ponto de me telefonar para o telefone de casa, assim não poderia mentir.

 - Sim, cheguei ontem.

 - E não avisaste ninguém?

 - Já cheguei tarde. Mas o que queres?

 - Estamos a combinar onde vamos passar a passagem de ano. Preferes o Parque das Nações ou a Praça do Comércio? E ainda temos o Estoril, mas não me estou a ver enfiada na mesma sala com o resto da minha família lá.

 - Nações? Só vamos as quatro?

 - Sim, em princípio sim. Ou queres levar alguém em especial?

 - Que engraçada. Não, obrigado. – Desliguei e pousei o telefone na mesa.

 Ruben sorriu-me. Maria falava alto o suficiente para que ele a conseguisse ouvir.

 - Parque das Nações? – Perguntou-me, a confirmar.

 - É, parece que sim…

 - Quatro mulheres sozinhas… Essa noite promete.

 - Espero bem que sim. – Disse com um sorriso, ao qual o Ruben não achou graça. – Então e a tua vai ser onde?

 - Na casa do Luisão. Quando há festas a casa dele abre portas.

 - E vais sozinho?

 - A não ser que a dona Bela mude de ideias e vá comigo, sim, vou sozinho. Ou então…

 - Não. – Sabia o que Ruben estava a pensar. - Não contes com isso. Eu não vou contigo.

 - Perguntar não custa…

 Dei-lhe um beijo rápido nos lábios e voltei a juntar-me a ele num abraço.

 - Vem comigo.

 - Não, eu não vou a essa festa com montes de gente que não conheço.

 - Eu não estava a falar disso. Se bem que vais estar num local com ainda mais pessoas que não conheces.

 - Então queres que vá onde?

 - Anda. – Puxou-me de modo a levantar-me do sofá.

 - Então espera um pouco. Eu não vou sair de casa assim vestida.

 - Não tem mal. Ninguém te vai ver.

 Expulsou-me de casa e quando dei por mim já estava sentada no banco do seu carro. Ruben fechou-me a porta e ocupou, logo de seguida, o lugar do condutor.

 Depois de alguns minutos de viagem, Ruben estacionou o carro. Não conhecia aquela zona.

 - Chegámos.

 - Já vi que sim. Mas o que estamos aqui a fazer?

 - Anda.

 Ruben saiu do carro. Tirou do bolso das calças umas chaves, escolheu uma e abriu a porta daquele prédio. Pegou-me na mão e levou-me. Subimos alguns pisos de elevador até chegarmos a um dos muitos corredores totalmente brancos.

 - Ruben, isto é…

 - A minha casa. – Interrompeu-me ao abrir a porta e, gesticulou com as mãos um convite para entrar.

 Ruben fez-me uma visita guiada. Fiquei impressionada, não imaginava a casa de um homem solteiro, e fora da casa da mãe, assim. E a palete de cores era fantástica. Era mais do que um simples apartamento, a casa de Ruben ocupava, na verdade, dois andares. No primeiro andar, a cozinha, mobilada em estratégicos tons de branco e cinzento metalizado, a sala de jantar e a sala de estar estavam ambas na mesma divisão, embora devidamente separadas, esta divisão estava curiosamente linda, paredes pintadas de branco, à exceção da parece à esquerda das escadas que apresentava figuras repetidas em prateado no fundo escuro. Aqui se situava a sala de estar, um pouco à direita das escadas, um enorme plasma apoiado numa estante preta que continha o leitor de DVD e a famosa PlayStation. Em frente, um sofá, também em preto, de três lugares, um pouco mais perto da parede escura estava uma poltrona branca em forma de mão, o espaço ocupado pelos sofás era coberto por um enorme tapete verde e a ocupar o centro uma mesa baixa onde se encontravam algumas revistas, jornais espalhados e livros. Senti curiosidade em relação aos gostos literários de Ruben. Um pouco atrás deste espaço, um outro, visivelmente separado, constituído por uma mesa de jantar de quatro lugares preta cujas cadeiras, pretas e brancas, estavam dispostas estrategicamente de forma, a que cada lado ficasse com uma de cada cor. Da divisão destes dois espaços nascia um pequeno corredor que nos conduzia à porta da entrada. Subimos pelas escadas em espiral até ao segundo andar. Uma pequena sala, igualmente mobilada em tons de preto e verde assemelhava-se com um escritório familiar, uma secretária ocupada por um computador portátil, uma cadeira de escritório, estantes ocupadas por livros, filmes e alguns CD’s de música, os espaços livres eram ocupados por fotografias de Ruben, não de Ruben famoso, mas de Ruben na infância, com a família, com o plantel benfiquista, outras na praia, e algumas mais recentes. O quarto de Ruben era o único que estava mobilado como eu previra. Ao contrário das restantes divisões, este apresentava apenas duas cores. Branco e vermelho. Ao centro, uma cama de casal coberta por uma colcha branca e almofadas vermelhas, os cortinados também eles eram vermelhos.

 Dada por terminada a visita guiada voltámos à sala.

 - Tens uma casa linda.

 - Bem verdinha, não é?

 - Confesso que desse pormenor não estava à espera… O que a torna ainda mais linda.

 Seguiram-se umas quantas partidas de PES, aquele rapaz era mesmo batoteiro, mas até que me deixou ganhar alguns jogos. Como era óbvio ele jogou com a equipa do Benfica, até porque no PES 2012 o seu avatar já lá estava, e eu, com o Sporting. Embora amantes, seriamos sempre eternos rivais.

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